do ofício

Publicado em 31/05/2011

Vieram me perguntar se meus escritos são para você
Respondi que sim
Mas é não
Escrevo para dentro
Alívio egoísta
Esvaziamento narcisista
Compartilhamento da solidão
Escrevo para que sofram comigo a tragédia que me veste
E as vísceras, os ossos, os músculos, o coração
E a alma que não há em mim
Você é só meu interlocutor preferido
Para quem eu me doei
Para quem eu me expus
Você é o verso que eu sempre cantei
Por isso te digo, por isso te escrevo,

por isso te amo.

o que você quer ouvir?

Publicado em 22/05/2011

você quer ouvir o que? você quer ouvir dos planos que eu fiz pra gente?
da droga que eu queria que inventassem pra eu nunca dormir quando você tá por perto?
das viagens que eu planejei fazer com você?
do nome dos moleques?
você quer ouvir os meus planos mais idiotas pra te fazer sorrir?
do amor que eu sinto e do quanto ele me torna fraca?
você quer ouvir talvez sobre meu coração que se comporta como uma criança doente cheia de vontades quando seu nome é pronunciado na televisão, no rádio ou numa roda de pessoas?
que eu morreria por você?
o que você quer ouvir?
Publicado em 22/05/2011

Ontem eu senti saudade. Quer dizer, ontem eu quis, de verdade, mais do que qualquer outro dia, te dar um abraço gostoso e te dizer o quão você é linda. Eu não quero que você pense que foi só ontem, na verdade é uma constante. Mas tem dias que dói tanto que eu tenho saudade dos detalhes mais inocentes, como segurar a sua mão.

um presente

Publicado em 05/05/2011

Eu sei que já faz muito tempo. Que as cartas se perderam para sempre. Que as músicas não tocam mais e que tudo, o meu sorriso, aqueles sonhos, a sua voz, tudo virou segredo. Assunto proibido. Eu não te penso. Não sinto falta daquele silêncio que só era confortável do seu lado e muito menos daquela nossa ligação telepática de conversar em pensamento. É tão difícil viver. Pesa tanto. Eu procuro seus detalhes em outros olhares e não há nada pior do que essa frustração de saber (e saber não ajuda) que nunca mais vou sentir alguém dessa forma. Não é desesperador? É procura em vão. Nada preenche. Ninguém toca tão fundo. É sempre eu pela metade. É essa vida de superfícies. De sentimentos rasos. De despedidas constantes. Que só servem pra me lembrar o quanto você é insubstituível. O quanto eu só me sinto viva e real do teu lado. O quanto todo mundo é pouco e sem graça perto de você. Me explica como é possível doer por dois e sentir em dobro. Porque eu não te espero, te esperando. Porque lembrar dói e mesmo assim eu escolho a dor a te esquecer. Porque de noite tudo fica maior e parece insuportável. Porque às vezes eu estou bem e do nada recebo um golpe mostrando o quanto você ainda vive em mim. Mas mesmo assim eu não te ligo. Eu não digo o seu nome em voz alta. Eu não te penso. Não te sinto. E como e difícil te negar, dessa forma. Mas e questão de sobrevivência, entende? Você virou o meu maior segredo.

Não escrevi esse texto, mas é meu. Foi um presente da minha queridíssima amiga Ana Luiza. Baseado em relatos históricos-sentimentais que descarrego nela todos os dias. Baseado no meu olhar, em nada, ou no amor. Seja como for - obrigada, Ana, por falar por mim. 
Publicado em 04/05/2011

E nessa brincadeira de inventar paixões, me tornei discípula devota do desassossego.

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