03092015

Publicado em 07/09/2015

Mesmo se eu te previsse, você ainda seria uma surpresa. Ainda que eu te sentisse chegando como as ondas que se alongam com a proximidade da lua, sua presença me surpreenderia assustadoramente. Se eu te inventasse – e inventei – em pensamento, correlata aos meus sonhos, com esse mesmo cheiro, essa mesma pele e esse mel nos olhos, você continuaria sendo a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos. Meu corpo gemendo silenciosamente por não saber mais o que é permitido. A vontade escancarada que me tomou de mim e me fez tão sua. Falo do silêncio que só existe pra te fazer ficar e da palavra, insistente palavra, ingênua palavra que teima em transbordar mesmo sabendo que o principal sempre há de escapar por uma pequena fresta, alguma brecha onde só o coração alcança. O minuto de silêncio, o escuro, o inodoro, o insípido. O amor é um bicho solto no meio do nada. 

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