um presente

Publicado em 05/05/2011

Eu sei que já faz muito tempo. Que as cartas se perderam para sempre. Que as músicas não tocam mais e que tudo, o meu sorriso, aqueles sonhos, a sua voz, tudo virou segredo. Assunto proibido. Eu não te penso. Não sinto falta daquele silêncio que só era confortável do seu lado e muito menos daquela nossa ligação telepática de conversar em pensamento. É tão difícil viver. Pesa tanto. Eu procuro seus detalhes em outros olhares e não há nada pior do que essa frustração de saber (e saber não ajuda) que nunca mais vou sentir alguém dessa forma. Não é desesperador? É procura em vão. Nada preenche. Ninguém toca tão fundo. É sempre eu pela metade. É essa vida de superfícies. De sentimentos rasos. De despedidas constantes. Que só servem pra me lembrar o quanto você é insubstituível. O quanto eu só me sinto viva e real do teu lado. O quanto todo mundo é pouco e sem graça perto de você. Me explica como é possível doer por dois e sentir em dobro. Porque eu não te espero, te esperando. Porque lembrar dói e mesmo assim eu escolho a dor a te esquecer. Porque de noite tudo fica maior e parece insuportável. Porque às vezes eu estou bem e do nada recebo um golpe mostrando o quanto você ainda vive em mim. Mas mesmo assim eu não te ligo. Eu não digo o seu nome em voz alta. Eu não te penso. Não te sinto. E como e difícil te negar, dessa forma. Mas e questão de sobrevivência, entende? Você virou o meu maior segredo.

Não escrevi esse texto, mas é meu. Foi um presente da minha queridíssima amiga Ana Luiza. Baseado em relatos históricos-sentimentais que descarrego nela todos os dias. Baseado no meu olhar, em nada, ou no amor. Seja como for - obrigada, Ana, por falar por mim. 

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