A fala de mamãe ecoou dentro de
mim e quando acordei de madrugada já não sentia nada. Foi como se uma bolha
rígida e grande tivesse se apoderado do meu coração, impedindo inclusive que
ele batesse forte demais, como nos surtos de desespero. Havia agora uma camada
protetora, um limite que não me deixava explodir. Aos poucos um ruído agudo
tomou conta dos ouvidos e todos os sentidos se tornaram limitados. Aquelas
palavras foram como um sedativo natural. Horas depois acordei e tomei um banho,
ainda doía, mas agora era suportável.