tudo começa na angústia
do desejo não vivido
o mistério do que seria
a dor de deixar 

a palavra começa na angústia

quem é você que

i don’t know you at all?

quero deitar no seu colo
e te dizer o que ficou pelo caminho
que deixei ficar
para estar aqui


colégio interno

 

eu volto ao mesmo lugar

quando quero ficar em paz

ou quando sinto que uma transformação se aproxima 


as folhas brancas das arvores de algodão 

a pista de corrida improvisada

os bancos vermelhos de cimento no meio do nada


hoje eu voltei até lá de novo

para tentar descobrir o que deixei para trás 

qualquer coisa que afeta diretamente minha vontade de viver 


sinto que estou devendo algo para a menina Bárbara

talvez um pouco de vida, de gratidão 


alguma peça do meu quebra-cabeças se perdeu no caminho


suspeito que tenha ficado lá

enquanto eu achava que não doía

e dizia pra mim e pros outros que nunca houve trauma

que nunca houve crise


sempre esteve tudo sob controle

menos quando entreguei os pontos

e sem perceber perdi boa parte da alegria, da vontade, do tesão que deveria me inundar a essa altura da vida


quantas vezes fui inteira nesses últimos anos?

é possível se sentir inteira nesse mundo?


caminho pela grama extensa

sento no banco do refeitório 

ainda bem que ainda há tempo


por enquanto 


é tempo de resgatar a vontade perdida


já se passaram mais de dez anos

quantas vezes mais será necessário voltar até lá?


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