paradoxo e complemento

Publicado em 23/07/2013

amarra meus pés segura minhas mãos
amordaça minha vida mas não limita minhas palavras

me prende aqui dentro fecha todas as saídas
mas me deixa viver nesse papel
passear entre essas linhas essas tintas esses sonhos
transformar amores medíocres em grandiosidades

nessa irrealidade onde pessoas pequenas
ocupam a folha inteira
e eu cresço junto mas cresço de verdade
alimentando a vontade de ser maior e melhor

aceitando a sina não imposta que escolhi
na qual a palavra precede o ato e o é ao mesmo tempo

já é tarde e o lirismo não vai mais me abandonar
irreversivelmente desistir de escrever seria desistir de tudo

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Publicado em 21/07/2013

Estou pensando voluntariamente em você pela última vez porque preciso escrever para te exorcizar de mim. Você entrou no carro e eu fiquei do lado de dentro da porta, ouvindo você ir embora. Tirou o carro da garagem e fechei o portão, tranquei a porta e desabei. O tapete amorteceu a queda mas desabei. Desabei por dentro. Desaguei. E o cachorro dotado de toda sensibilidade foi lá, lamber minhas lágrimas, com um misto de pena e amor. E apesar do tapete e apesar do cachorro, foi doído cair no chão. Doído como todos os golpes que tenho recebido na fuça desde que decidi lutar por você.

E como se não bastasse toda a  dor, todo esse processo dolorido de te trazer à tona pra te expulsar de novo, sou interrompida por uma mensagem de alguém dizendo que te viu. Penso várias vezes antes de tomar um banho e ir onde você está, só pra te ver uma última vez e ter certeza de que o fim é mesmo necessário. Eu acenaria pra você de longe, sem nenhum envolvimento, como você gosta. E depois beberia qualquer coisa pra não ficar com a mão desocupada e sorriria das banalidades das conversas com qualquer conhecido e fumaria uma carteira de cigarro sem perceber, abandonando à força o projeto de voltar correr amanhã de manhã.

E agora, depois dessa interrupção, acabo de perder o fio de tudo e quase não consigo dar continuidade a isso que eu não sei nomear. Diria que é uma anunciação ridícula do fim, mas antes de escrever lembrei do silêncio das despedidas. As verdadeiras despedidas são sempre silenciosas... Tenho repetido na cabeça o dia inteiro como um mantra e é por isso que hoje eu ainda te dei bom dia. Eu não posso dizer tchau, até logo, adeus, cansei, some, nunca mais quero te ver, ou até mesmo eu quero que você se foda, se foda muito com essa sua vidinha medíocre e esses sentimentozinhos medíocres e esse namoro medíocre com alguém que nunca vai te desejar tanto quanto eu, alguém que nunca será tão sua e nunca vai reparar tão bem todos os seus detalhes, suas nuances suas faces seu corpo. E nunca vai te beijar com lágrimas de amor. Eu não posso dizer nada porque se eu anunciar, nunca vou conseguir ir embora. E é incrível porque eu nem te admiro e repudio essa postura racional, essa postura de quem nunca sente, de quem só sente a carne e está sempre agitado o dia inteiro sem tempo pra pensar, pra sentir, sem tempo pra qualquer coisa que faça a diferença.

Mas eu me afundei nisso e agora não consigo sair e se alguém me perguntar a razão, o motivo, o porquê eu vou rir. Vou rir pra não chorar porque chega a ser ridículo não saber como e onde começou a acontecer. Em que ponto as coisas ficaram assim irreversíveis aos meus olhos, quando é que eu não pude mais permanecer e tive que escolher de repente entre ir além ou voltar? Escolhi ir além, sem saber que nesse caso, ir além seria na verdade regredir. Nunca demorei tanto para assimilar e aceitar um limite. Atipicamente de capricórnio, mergulho fundo, sem medo, até que não haja mais ar nos pulmões. Eu sinto falta da determinação de quem nasce em janeiro e da força e da inteligência. Você sabe o que é conseguir olhar de fora para si mesmo, sabendo que tá tudo errado, tudo fora do lugar, e ainda assim insistir no erro por querer sentir uma fisgadinha a mais do lado esquerdo do peito? Osho diz que são inúteis os noventa e nove por cento de razão, que o um por cento irracional é que faz a diferença. Talvez seja por isso, por ter lido um dia essa maldita frase, talvez por isso eu seja assim.

Para além de toda essa raiva, de toda essa angústia e incapacidade de ser amada, de superar a solidão, agora que cheguei até aqui estou orgulhosa, mesmo que as ideias estejam bagunçadas e eu não faça questão de organizá-las, mesmo que tudo tenha soado um tanto quanto violento, violência típica de quem foi rejeitado, estou muito orgulhosa de mim. Estou orgulhosa por não ter medo, por não ser como a maioria das pessoas que voluntariamente não se apaixona. O que há aqui dentro é pesado, confesso, mas é bonito. É a parte mais bonita de mim, mesmo quando eu me arrumo de verdade e sou notada ao passar na rua, o meu coração é mais bonito do que o meu sorriso. Respiro aliviada. Escrever é de todos os verbos, o mais exaustivo e acolhedor.

a solidão é como uma tempestade

Publicado em 08/07/2013

que destrói tijolo por tijolo os meus abrigos
E leva embora os amores como barcos de papel na enxurrada
Depois eu fico só
Fica só o frio
Estão todos loucos de uma loucura vazia
E eu, cheia de mim, quero sumir
Não como ave de rapina que sou, mas como pássaro pequeno que se esconde entre as nuvens

Se eu esperar pelo tempo bom, será que há de chegar?

Amar demais me transformou em um extremo
Não sei se me tornei mendigo ou rei
De qualquer forma, quis alguém, por esmola ou reverência
Alguém que não tivesse vergonha de sentir frio nessa terra de estações indefinidas onde não há inverno
E se agarrasse a mim mesmo que para se desfazer em suor

Mas o calor não faz mais parte dos abraços
E agora minha vontade é neve que derrete e escorre entre os dedos
E se mistura à enxurrada que levou embora o meu sorriso
Vou-me embora com eles, com elas, com todos que me deixaram para ver o sol nascer e se por de novo em solidão

Goiânia, junho de 2013.

Publicado em 03/06/2013

De fato, sinto saudade. Principalmente de deitar no seu colo nas manhãs frias e te ouvir dizer que eu sou uma pessoa boa e mereço um grande amor, um amor foda, que suporte todos os meus mimos e me faça feliz de verdade. E das broncas carinhosas que você me dava porque eu nunca soube me valorizar. E dos cigarros antes das oito sempre repletos de poesia. Como você entendia minha urgência, Ana. Minha dor, minha vontade de viver dolorosamente e escrever a vida. E agora você está aí no seu apartamento, com sua máquina de escrever, com suas contas, seu emprego, seu fogão, seus livros prontos para serem publicados, mas nada seria suficiente se fosse a solidão. Seu homem está aí, o amor da sua vida, seu escritor. E vocês não dependem de mais nada a não ser da própria força e manter vivo o encanto é quase natural mesmo em meio ao peso do cotidiano. Vocês estão vacinados contra a razão, eu sei. As horas, o tempo, a rotina nunca serão capazes de driblar a nossa vontade de sentir e a nossa capacidade de fazê-lo. E pensando bem, talvez nós sejamos os verdadeiros heróis de nós mesmos, os sobreviventes, os fortes, porque nos recusamos a viver automaticamente e por isso o amor estará sempre vivo em nós.

Continuo sem talento, Ana. E ainda me falta tempo. Plena segunda-feira e eu tenho que cancelar compromissos para satisfazer o coração. Por isso é que preciso sair daqui, você sabe, ir para a Bahia, me descobrir, amar, enlouquecer pra depois ter pique pra ser capricorniana de novo. Adulta, responsável, filha única que sabe o peso que carrega nas costas e aceita a carga por amor. Te escrevo pela saudade, pela falta que me faz teu sorriso mas principalmente por não aguentar mais essa vontade de compartilhar a minha vida com você. Digo com você porque eu não o faria com qualquer pessoa. Há algum tempo, quando paro para refletir me vem tua imagem ao fundo e sinto vontade de te ligar, perguntar o que você acha de tudo. Quando a vontade é menos imediata, chego a planejar uma carta inteira, cada vírgula, no banho ou antes de dormir, mas me tornei especialista em deixar passar e fecho os olhos, desligo o chuveiro e permaneço gritando apenas por dentro.

Estou com alguém. Estou com alguém mesmo que isso seja muito pesado para o que vivo agora. Não faz muito tempo, mas já dormimos juntos algumas vezes e acho que finalmente encontrei um cobertor humano, que deita inteiro na minha cama e quando me abraça no meio da noite parece veludo. Quando o dia amanhece ele não me dá metade do que eu preciso e nossos encontros quase nunca passam de trinta minutos. Ficava em mim sempre uma sensação de vazio, de incompletude, que se transformava em raiva e depois intolerância, me obrigando a desistir. E eu desistia todos os dias mas nunca tinha coragem de verbalizar, cheguei a ensaiar algumas vezes mas disfarcei e mudei o rumo da conversa pois o apego era maior. E agora, Ana, acho que eu descobri um novo sentido em tudo. Há dois dias não penso em desistir e talvez agora eu esteja bem. Mesmo com toda ausência e com todo buraco que as horas e o silêncio cavam em mim, começo a pensar que a felicidade plena não é meu objetivo final. Vejo você dizer sobre o quanto está feliz ao lado do André e sobre sermos cegos ao pensarmos que a tristeza é bonita mas eu não quero ser plenamente feliz agora, Ana. E eu sei que você com toda sua sabedoria é quem sabe a única pessoa capaz de me entender. Eu quero essa falta, eu quero essa incompletude. Eu quero meu guerreiro chegando da guerra e eu tirando sua armadura e acariciando a pele e cuidando das feridas. Eu estou com alguém que não me faz feliz mas eu estou onde eu quero estar. Isso pareceria contraditório para qualquer pessoa do mundo, por essas e outras razões escrevo a você. Minha Ana, minha amiga. Tenho exercitado minha tolerância e até mesmo minha solidão. Eu estou com alguém que não me faz feliz e isso é libertador porque se a felicidade não partir de mim, ainda assim estarei confortável na minha tristeza. É disso que a gente vive, não é? Não é essa a nossa matéria prima, a tinta das nossas palavras?

Ainda não aprendi a tirar a faca do peito e nem a revisar textos. A urgência ainda fala mais alto. Resta-me pedir que exercite sua paciência e me perdoe pelos erros. Eu te amo.

Da sua,

Babi.


voluntariamente

Publicado em 20/05/2013

me tornar refém de ti, de mim
do nosso amor que nem sei a quantas anda
mas sei que está aqui, aí
dentro, quem sabe, do nosso coração
metade de mim alça voo agora
enquanto a outra parte permanece
sobrevive e espera
pelo próximo encontro
pela morte da saudade
que já mora em mim

Reconstrução

Publicado em 16/03/2013

O vazio do mundo transformou minha solidão
Solitude

Vontade ímpar de ser um só. Muralha da China, muro de Berlim
Corpo estirado na cama e olhos fechados para a noite lá fora
Nada parece convidativo, os amores não valem mais

A cicatriz do amor é tinta na pele
Sorriso que rasga o rosto, lágrima que queima e corrói

Saudade também é cicatriz
N'outros tempos ferida viva
Sangrava sem se esgotar
Esgotava a mim, só
A ausência vermelha explodia
Me deixava vazia e fraca
Saudade hoje é carne morta

Eu não te amo, eu te reconstruo
Amar é reconstruir
Junto os cacos, limpo a bagunça
E construo algo mais bonito
Com a matéria prima do que foi quebrado

Te perdoei ontem, te perdoei hoje
Te perdoo pelo amanhã, para o resto da vida
A falta de atenção virá e me sentirei novamente só
Em tua boca estamparás o nome de outra
Ainda assim...

Te mostrarei a beleza da redoma
Que construí do que sobrou dos nossos versos, da nossa agonia

meu coração me faz mendigo

Publicado em 10/02/2013

me tira da cama no meio da noite
me deita no asfalto gelado
e me cede um papelão como cobertor

de olhos fechados
o barulho dos carros é silencioso
no silêncio retorno ao pó
e me recomponho em palavras

hei de escrever, custe o que me custar
um, dois, três carnavais
domingos de luto
ou até a minha lucidez

minhas pálpebras serão janelas
que fecharei quando quiser
olhar para dentro
de mim

Antônio de Albuquerque, 15º andar.

Publicado em 09/01/2013

16:37
Estou com a faca cravada no peito, proibida de descrever a sensação.
Digo, por teimosia, que me sinto bem aqui.
Nessa cidade de ruas fechadas que me sufocam,
morros urbanos que me elevam e sexo futuro ao qual me entregarei
e não receberei nada em troca além do prazer.
Linda, ela me fala sobre tudo
e me limito ao clichê de observar as curvas dos lábios.
Meus olhos decolam com sua língua ao céu do amor passageiro e intenso.
Seria pecado pedir para o tempo parar
e adiar a aterrissagem até o último momento?


3:59
Presente de grego.
Como se meu guia tivesse de repente me abandonado
e me entregue às arvores dessa cidade estranha.
Senti vontade de voltar para casa
ou me esconder entre os galhos da árvore à minha frente


9:13
Depois da tentativa frustrada de prazer eu quis chorar
para potencializar ainda mais o drama
O álcool não foi suficiente
e além da efemeridade dos fatos,
não havia nada exageradamente triste nisso tudo.
Hoje eu aprendi que o prazer é psicológico,
o que é quase um abismo para quem já deixa o coração mandar demais.
A pele era para mim uma fuga até então.

Linda, ela dorme ao meu lado.
Vou lhe dar um beijo de bom dia e pedir o café da manhã.

Tenho ainda a faca cravada no peito.


17:03
Como uma flor aberta que vai murchando,
se fechando por falta de água.
Ofuscada, queimada do sol, grito:
eu tenho sede.


18:48
Cinco anos de terapia não lhe darão coragem
para viver de verdade seja lá o que for.
Eu lhe darei coragem, talvez não nessa viagem
Mas um dia pedirei passagem em nome do amor.
Quero ver me negar abertura, dou afago, dou ternura,
brinco com sua loucura e que mais precisar.

E minha rima pobre é eficiente feito cachaça barata,
ela não me diria não.


20:22
Diz que não tem culpa mas o quarto inteiro cheira alecrim.
O quarto inteiro é um pedido de perdão pela metade.
A cama arrumada, o cinzeiro limpo.
A outra metade é ela fumando, na janela, com a blusa aberta.
"Eu te perdoo, amor. Você ainda não sabe, mas eu te perdoo
por fazer eu me sentir uma qualquer e diminuir a nada
a distância que percorri até aqui. Te perdoo pela falta de atenção
e por não me beijar em público. E por não cumprir a promessa
de me abraçar enquanto eu dormia."


11:00
Não vou acordá-la,
velar seu sono é melhor do que explorar qualquer canto desta cidade.
Ela é o canto mais lindo desta cidade.
Contemplo seu sono com ar de turista deslumbrada,
coloco minha mão sobre sua barriga, e espero
ansiosamente pelo seu mau humor matinal.
Até isso tem me feito sorrir.


22:05
A cidade grande vai diminuindo de tamanho
e feito criança observo pela janela.
Me transformo em uma simples nuvem escura
acima das pequenas luzes onde ela se esconde.
As luzes se apagam, me perco na escuridão,
só o barulho das turbinas anuncia minha volta para casa.
E nas asas do pássaro gigante, feixes de luz piscam
mais rápido do que meu coração,
que sinto, vai morrendo cada quilômetro percorrido.


22:25
Há uma tempestade fora da minha rota.
36 mil pés me separam do chão.
27 graus goianienses me aguardam daqui meia hora.
Vai fazer frio dentro de mim.

A faca nunca sairá do meu peito demente.
Continuarei a contar (sobre) as gotas de sangue que pingam
e sujam de vida o papel.
Publicado em 24/12/2012

o encanto é que manda no amor

chego ao limite da palavra

Publicado em 21/12/2012

e no ápice verbal cavo o buraco mais fundo em mim. aceito a solidão.
respeito a solidão para me reconhecer.
repito a vida que já vivi e verbalizo no presente feito notícia que vence amanhã.
ilustro os fatos da alma e a beleza da calma de esperar pelo amor que nunca virá.

declaro minha independência.

Publicado em 18/12/2012

levanto bandeira branca aos inimigos íntimos, mas nenhuma ternura me faz querer ficar. reconheço a impossibilidade da pureza do amor e deixo minha urgência no meio do caminho. não há cheiro que me tire daqui, não há respiração que mude meus pés de lugar. permaneço vestida dos pés à cabeça. outrora escalava montanhas, me ajoelhava, escrevia por alguém. agora escrevo para me sentir viva, mesmo sem saber se a vida compensa. desisto de me despir pelo frio que vem depois. finjo, de uma vez por todas, que sou independente. ainda não aprendi o significado de acordar com os pés fora da cama. talvez eu ainda caiba em mim, tão perfeitamente, que não caiba mais ninguém. 


à nostalgia

Publicado em 22/09/2012

As gaivotas nunca pousam quando sabem que são esperadas. Mas naquela época eu não sabia disso, e acabei correndo atrás da felicidade de tal modo que fui atropelada por ela. Agora meu coração não passa de uma bússola estragada, que ainda não parou, mas não sabe onde está o norte. As coisas mudaram muito desde o dia em que te encontrei naquela escada, e eu tenho me perguntado várias vezes ao dia, por que é tão difícil amar? Ainda espero por alguém que apareça numa quinta-feira de manhã com um violão e uma melodia pronta e me convide para sentar no chão, alguém que depois faça alguma coisa por mim, me dê a vida, morra por mim. Eu não consigo mais me encaixar aqui, é como se eu fosse cair a cada rotação da terra. Temo que o universo não seja mais o mesmo desde aquele dia em que eu te encontrei. Sonhei que eu te fitava do edifício mais alto da cidade e à noite, quando o sol se punha, você entrava em mim pela janela do meu apartamento. Nos sonhos o amor é tão grande quanto eu gostaria que fosse e até mesmo a janela mais alta fica a dois palmos do chão. Por que é que eu ainda sonho com você? 

macio

Publicado em 02/08/2012

há em mim um mar
que existe não pela água
ou pelo sol

nem suor
nem lágrimas

há em mim um mar
que existe
para que o vento
trazido pelas ondas
seque tudo que molha
que escorre

a maré subiu
e trouxe consigo
uma saudade diferente
longe do banzo
e da nostalgia

saudade que fortaleceu
o que ainda é novo
aqui dentro

saudade que eu mato
todos os dias
para que renasça de novo

não das cinzas
mas do próprio fogo
como uma chama que

eu não quero que apague

amor

Publicado em 18/06/2012

Essa felicidade que insiste em foder com a vontade louca que tenho tido de escrever nos últimos dias. Por isso implico tanto com seu jeito. E reclamo até quando você esquece de segurar minha mão. E te ignoro e me fecho e tento botar defeito em tudo. É pra ver se dói, se lateja, se corrói por dentro para que eu possa dizer qualquer coisa a respeito. Recuo devagarinho se você não me olha nos olhos e não me beija com toda a sua alma. Penso em desistir e invento mil motivos, mas a verdade é que ser feliz dá medo. E eu vivo dizendo por aí que sou corajosa, que não tenho medo de viver. E talvez eu não tenha mesmo. Meu medo maior é de te ver saindo pela porta e não poder fazer nada para impedir, de não te fazer bem como você merece e de que a gente não consiga deixar pra trás o peso do passado. Mas alguma coisa me diz que quando você me abraçar forte eu não vou mais sentir medo. E quando você ler esse texto você vai prometer me abraçar forte todos os dias e seremos ainda mais felizes do que agora.

Me ensinaram que felicidade não se escreve.

Talvez esse seja um texto sobre o amor.
Publicado em 20/05/2012

Só sente a paz do amor quem tem cacife para o desassossego.

da série "as promessas que cumprirei se você permitir"

Publicado em 15/04/2012

Amar-te-ei e não te deixarei passar. Serei teu rumo e teu não saber para onde ir. Salvarei o mundo por ti e salvar-te-ei da infelicidade do fim dos dias. Não me cansarei de te olhar e teus olhos estarão comigo tanto na aflição habitual quanto na rara calmaria. Continuarei te avisando sobre a beleza da lua e das coisas banais. Não deixarei que teu espírito geminiano se afogue no tédio e dar-te-ei meu coração, não como as flores mortas dos buquês ou com a efemeridade dos chocolates que desaparecem em uma mordida, nem mesmo com a preciosidade das joias caras. Dar-te-ei meu coração como quem dá a alguém a própria vitalidade, como quem deseja misturar os sangues e os destinos e os batimentos e as pernas embaixo do edredom. Nosso amor será como som para cegos ou luz para surdos. E eu te farei feliz com toda a força e com toda a fraqueza que há em mim.

malditos números

Publicado em 03/02/2012

3 1 5 8 4 0 0  s e g u n d os 

o que acontece com quem vai?

1 0 5 2 6 4 0 m i n u t o s

falta o seu abraço me esperando do outro lado da rua. falta minha primavera. falta o peso do seu corpo sobre o meu. falta sua língua dentro de mim. falta seu cheiro na fronha do meu travesseiro. falta a cor da nossa casa, nossos planos, os nomes dos nossos filhos. falta.

1 7 5 4 4  h o r a s

abro a boca, abro as pernas, abro os botões da blusa, abro meu coração, abro tudo para você. mas quando você sai, não consigo sequer encostar a porta. eu fecho os olhos. só. fecho os olhos porque não quero te ver indo embora. pode ser que você nunca mais chegue de novo. pode ser que você não precise voltar. pode ser que você saiba viver faltando um pedaço. pode ser que você não queira mais entrar em mim. pode ser.

7 3 1 d i a s 

chove todas as noites. minha janela não fecha mais e sem cobertor eu me sinto totalmente vulnerável. o vento entra e faz de mim o que quer.

1 0 4 s e m a n a s 


eu só sei o que acontece com quem fica.

o silêncio também diz

Publicado em 19/12/2011

Não importava quantas vezes você ia embora, era sempre a primeira vez. No fundo eu sabia que um dia te perderia de vista, e sabia também, em algum lugar ainda mais fundo dentro de mim, que eu nunca estaria preparada para isso, fosse daqui a um dia ou daqui a mil anos.
Publicado em 26/08/2011

Se os mesmos olhos que me procuram não querem me encontrar
Eu me perco esperando que você me queira por perto

vida sem, morte por

Publicado em 10/07/2011

Como eu poderia não falar em saudade?
Se meu corpo reclama quando você levanta da cama pra peparar o meu café.
Se quando você fecha os olhos eu imploro em silêncio para que você volte a ver o mundo, volte a olhar pra mim.
Se você volta, comemoro ainda em silêncio.
Te digo obrigada e você me pergunta por que
Eu digo esquece e te dou um beijo para que você possa realmente esquecer.
Vou te amando devagar, de um jeito que caiba na vida.
De um jeito que caiba em nós.
Se não couber a gente se conserta.
Desconserta as certezas.  
Inventa outra vida.
Desata os nós e cria um laço mais bonito.
Nessa, e noutras, decido que vou continuar vivendo por você.
Mesmo que eu morra de saudade todos os dias.

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