salvador, 09/12

Publicado em 09/12/2013

ontem foi o dia em que fiz as pazes com salvador. chorei e pela primeira vez não senti vontade de ir embora daqui enquanto chorava, porque a tristeza estava em qualquer lugar menos na culpa que eu atribuía à cidade. tudo está e sempre esteve dentro de mim, o ódio, a gratidão, os pesadelos dos quais me livrei essa semana. e essa inquietude, essa sede e esse desgosto que tem exigido uma paciência e uma flexibilidade que francamente, não possuo. tenho sido severa e intolerante comigo, ontem senti vontade de abandonar meu corpo ao perceber que me tornei alguém que eu não queria ser, alguém de quem não sinto orgulho. tenho medo ao pensar em voltar ao mesmo lugar da mesma forma que saí, mas ainda bem que há tempo. "sempre há tempo" é o que tenho dito para viver os dias com calma e encontrar a paz. a mesma paz silenciosa que aparece depois dos furacões e se instala como se nada tivesse sido devastado. uma tempestade ainda acontece dentro de mim e eu não sei o que sobrará do que um dia fui. talvez essa tempestade dure a vida inteira e até meu último sopro seja um furacão, mas o que desejo é a constante reconstrução e força, muita força para deixar para trás o que for necessário. às vezes é preciso apropriar-se da posição de observador, de investigador de si, e olhar para os fatos sem culpa e com frieza. se não for assim, não há quem consiga permanecer em pé sem ser derrubado pelo peso do passado. 

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